23 abril 2011

A Garota da Capa Vermelha


"Um dia", ela pensou, "vou viver com Peter em uma casa para nós dois, e haverá um pomar e também um riacho estreito onde nós dois vamos tomar banho e nadar. O sol vai cantar durante as tardes, e à noite, as aves vão colocar as cabeças sob suas asas em espera."
A imagem foi ficando mais clara quanto mais rápido ela corria.
Sentindo a carga da liberdade, ela se sentiu leve como se fosse uma semente de dente-de-leão sendo levada pelo ar.
Ela corria em direção a liberdade, finalmente ao lado de seu Peter, quando...
Os sinos soaram.
Valerie e Peter entreolharam-se confusos; em seguida, caíram em si horrorizados.
Com aqueles sinos, ela sabia; A vida nunca mais seria a mesma.

Hipnotizada pela intensidade daquele olhar incrível, Valerie não conseguiu desviar o olhar do horror que aconteceu em seguida. A pele de cada lado do rosto do Lobo se separou e fendeu em um ímpio desabrochar para revelar... um segundo par de olhos.
Um par de olhos mais impressionante que o primeiro. Sensível e inteligente. Onisciente. Humano. 

As lembranças estão sempre se deteriorando. Tinha já tantas que desejava parar de criar lembranças novas; já havia muitas experiências a avaliar Mas novas lembranças se formavam a cada momento.

Aprendera como a humanidade pode ser cruel. Sentia-se desgostosa; talvez fosse melhor ser um bicho que um ser humano.

Não lhe importava que ele fosse o Lobo. Se fosse, ela também seria.

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